A cumplicidade existiu!

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E a cumplicidade existiu!
A cumplicidade existiu no toque e na partilha, nos momentos de sossego e paz, nos sorrisos e nas certezas de que podíamos existir exatamente assim como éramos. A cumplicidade existiu quando estivemos ali os dois durante tanto tempo, porque sim. Era o que nós sentíamos e quando a tua mão poisava sobre a minha, a cumplicidade fazia dois tornarem-se num só. Existiu porque eu olhava para ti e tu sabias que o meu olhar era a garantia de que nunca mais irias estar sozinho; como recompensa, eu tinha o teu colo e todas as vezes que me deste aquele colo, eu desejei perder-me naquele momento.
Contudo, nunca esta cumplicidade foi suficiente para tu percebes que eu estava pronta para aceitar-te por inteiro assim exatamente como te tinha encontrado, assim como tu tinhas vindo até mim e tão rápido surgiu um “nós” que, felizmente, tão pouca gente conhecia e que era tão mas tão bom manter em segredo. Amamo-nos baixinho, devagarinho, só e apenas dentro de quatro paredes. Guardaste-me e protegeste-me nos teus braços durante muito tempo e eu quis mesmo acreditar que tudo aquilo era verdadeiro e real.
Foi tão estranho num só dia toda a percepção do que já fomos ter mudado. Todas as certezas afundarem-se sem deixarem rasto e as minhas crenças deixaram de fazer sentido. É impossível não sentir a dor disto. Fomos facilmente substituíveis. Eu fui! Agora caminhas sem dares por minha falta e caminhas bem e acompanhado.
O certo é que eu não posso dar mais voltas por dentro para encontrar cura para estas feridas interiores. Tudo só e só o tempo cura e eu não vou mais embrulhar-me em pensamentos do passado passados a teu lado antes de dormir, o que me faz até sentir o teu cheiro nos meus sonhos.
Devias ter-me dado o teu colo pelo menos uma última vez para eu perder-me outra vez ali por instantes e sentir este peso mais leve, pois só ali, contigo, tudo era mais leve e fácil.
Agora é como se não precisássemos de nos sentir sozinhos. Chegou o momento de nos abandonarmos. Finalmente íamos abandonarmos. Ali, acompanhados, longe um do outro.
E a cumplicidade existiu...
Existiu para mim!